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A autobiografia política de Édouard Louis

Em "Mudar: Método", o autor francês dá continuidade à história de sua juventude, quando busca escapar de uma realidade de pobreza e violência

Por Humberto Maruchel
Atualizado em 6 mar 2024, 18h27 - Publicado em 26 fev 2024, 09h00

Em 2014, quando o escritor francês Édouard Louis publicou seu primeiro livro, O Fim de Eddy (Tusquets), parecia estar instaurando uma profunda investigação sobre as causas da violência. E fez isso utilizando um método particular: sua própria história; seus anos de infância e juventude. Havia muitos elementos para analisar: a pobreza dos pais, o sexismo e o racismo do pai e dos irmãos, a homofobia em casa e na escola, o conformismo da mãe e a impossibilidade de imaginar uma realidade diferente e distante dali.

A obra foi um sucesso instantâneo e Édouard continuou apostando nessa linguagem autobiográfica, desvelando em cada uma das obras seguintes aspectos de suas memórias e de sua família, inspirado por autores como Annie Ernaux e Didier Eribon. A violência, no entanto, se repetia como um tema constante.

Embora o autor tenha apenas 31 anos, a narrativa que ele nos revela sobre as vivências da comuna francesa de Hallencourt parece reconstituir séculos de história. A violência, para ele, não diz respeito a algo particular, mas a um fator inerente da própria existência, de suas convenções e vícios. Apesar da tragédia do que escreve, Édouard conseguiu, sim, escapar e vislumbrar outras maneiras de ser e viver. Em O Fim de Eddy, o jovem escapa das primeiras violências que encontrou na vida. Fez isso quando ganhou uma bolsa de estudos em Amiens. De lá, ingressou na Universidade da Picardia Jules Verne e, em seguida, na prestigiosa École Normale Supérieure, em Paris. Deixou para trás, inclusive, o seu nome de nascimento Eddy Bellegueule para se tornar Édouard Louis. O autor também publicou História da violência, Quem matou meu pai e Lutas e metamorfoses de uma mulher (os três últimos pela Todavia).

Seu lançamento mais recente é Mudar: Método (traduzido também pela Todavia). Nele, Édouard nos oferece uma continuidade de seu percurso, sua vida na Academia, os estranhamentos ao se ver ao lado de pessoas que viviam de maneira muito mais abastada do que ele. Sentiu, com isso, vergonha de seu passado e de seu lugar de origem. E quanto mais mudava, mais se distanciava da família, que, por sua vez, o via como arrogante e ingrato.

Mudar: Método é um relato direto dos desdobramentos que a chance de escapar ofereceu. A violência, entretanto, continuou presente, mas de outras maneiras; quando precisou se prostituir para sobreviver, ou foi vítima de um estupro. Além de nós, seus leitores, Édouard se corresponde frontalmente com seu pai e sua mãe em suas obras, mas principalmente nesta última publicação. Leia um trecho do livro abaixo:

Tinha falado com ele pela primeira vez havia cerca de duas horas por um site. Fora ele que entrara em contato. Tinha me dito que gostava de garotos como eu, jovens, magros, louros, de olhos azuis — especificara: tipo ariano. Havia pedido que eu me vestisse como um estudante e fiz isso, pelo menos como a ideia que ele tinha de um estudante, eu usava uma blusa com capuz grande demais que peguei emprestado de Geoffroy e um par de tênis azul-anil, meu preferido, tinha me dobrado a seu desejo porque esperava que ele me pagasse mais do que havia prometido, para me recompensar por minha dedicação.

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Fiquei esperando.

Ele enfim abriu a porta e, vendo seu corpo, tive que contrair os músculos do rosto para não fazer uma careta — ele não se parecia com as fotos que tinha me enviado, seu corpo era flácido, pesado, nem sei como dizer, como se caísse ou, melhor, como se escorresse para o chão.

Ele sofria só por ter se deslocado até a porta, eu via o cansaço, a falta de ar, a transpiração na forma de dezenas de gotículas minúsculas que brilhavam em sua testa; tentei olhar para ele o mínimo possível, queria evitar ver os detalhes de seu rosto; pensava Em menos de uma hora você vai estar longe daqui com o dinheiro. Seu cheiro chegava até mim, um cheiro artificial de baunilha, de leite azedo. Eu me concentrava nessa frase, Em menos de uma hora, o dinheiro, quando de repente ouvi vozes atrás dele, no apartamento. Eram vozes de homens, havia alguns ali, talvez três ou quatro; perguntei a ele quem eram; ele sorriu e disse: Não é nada. Você pode agir como se eles não estivessem aqui, eles estão acostumados, sempre chamo prostitutos, você não é o primeiro. Vamos para o meu quarto, pode ignorá-los.

Pensei: não quero que os outros vejam meu rosto — a vergonha começou a subir, a invadir meu corpo desde a ponta dos dedos até a nuca, como um fluido morno, paralisante, eu reconhecia sua ardência. Eu o ameacei dizendo que ia voltar para casa. Achei que minha frase o machucaria ou irritaria, mas ele não tentou me segurar, me propôs, calmamente, me dar cinquenta euros pelo deslocamento se eu quisesse dar meia-volta e ir embora, e eu o odiei por não ter se irritado. Precisava de mais do que cinquenta euros. Eu disse Tá bom, vamos direto para o seu quarto, eles não vão me ver, eu ponho o capuz.”

Édouard Louis

Bravo! conversou com o autor sobre o último livro, sobre seu compromisso em compreender e se desfazer da violência, suas influências, em especial, sua admiração pelo dramaturgo francês Jean Genet (1910 – 1986), que também observava a violência cotidiana, mas que buscava tirar dela a poesia e a beleza.

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Você faz parte de uma parte de tradição de autores que minuciam a biografia num formato literário. Quais foram os aprendizados ao abordar aspectos de sua própria história em diferentes livros?

Eu tenho um compromisso político com a autobiografia. Esse é o cerne do meu projeto literário. E a autobiografia, seja na literatura, na filosofia, na política, ou em muitos outros campos, sinto que tem uma maneira particular de confrontar as coisas. Tenho a impressão de que a ficção oferece um colete salva-vidas que a autobiografia não dá. Quando você sabe que algo aconteceu ou está acontecendo, você não consegue escapar tão facilmente quanto faria com a ficção, sabendo que é uma situação criada. A autobiografia, frequentemente, faz com que as pessoas se sintam mal de uma maneira positiva, confrontando-as com coisas que elas prefeririam evitar.

Por muito tempo, o papel da literatura foi retratar o mundo em que vivemos, algo que Victor Hugo, Émile Zola, Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre fizeram. Minha impressão é que, com as informações disponíveis em todos os lugares, através da internet e das redes sociais, talvez o papel da literatura não seja mais apenas apresentar uma realidade desconhecida, e sim nos forçar a enfrentar a realidade que sabemos que existe, mas preferimos ignorar.

Todos sabem que existem imigrantes morrendo no mar, morrendo no México ao tentar entrar nos EUA. Todos sabem que vivemos em uma sociedade racista, fundamentada em desigualdades. Mesmo a minha mãe, que não frequentou a escola, sabe que, ao atravessar os subúrbios de Paris, encontrará principalmente pessoas negras e árabes, devido ao racismo. A partir dessa perspectiva, a autobiografia parece ter uma força revolucionária.

Tenho a impressão de que a ficção oferece um colete salva-vidas que a autobiografia não dá. – Édouard Louis

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Em todas as suas obras, você traz aspectos muito pessoais. Como é quando você finaliza um livro, é estranho ver sua história retratada?

Não, porque meu trabalho consiste em me dissolver nas histórias que conto. O que tento mostrar é minha infância, minha juventude; é tentar entender como meu corpo está conectado a eventos coletivos, a destinos coletivos. Tudo, até mesmo nossos sentimento mais íntimo, é coletivo. Quando você sente vergonha ao sofrer bullying por ser gay, por exemplo, esse sentimento é pessoal. Mas quando alguém o insulta na rua ou o agride, isso também é uma experiência compartilhada por muitas pessoas queer. O papel da minha escrita é tentar inserir esse aspecto pessoal em fenômenos coletivos. Quando leio sobre mim mesmo nos meus livros, vejo menos de mim. Isso foi um trabalho longo, que levou muitos anos. Não gosto de ver pessoas nas redes sociais reclamando de seus problemas diários. Para mim, falar leva tempo. O trabalho literário, mesmo quando surge da intimidade, é retratar isso como um fato político. A vergonha decorrente da homofobia é um bom exemplo, pois a vergonha é uma realidade objetiva. Em muitos momentos de nossas vidas, pessoas próximas nos dizem para não sentir vergonha, mas não é algo que escolhemos; a vergonha faz parte da objetividade do mundo.

Há uma cena na obra de Jean Genet, “Nossa Senhora das Flores”, em que Divina, uma das protagonistas, performa todas as noites na cena gay em Paris. Ela é uma diva radiante, admirada e ovacionada por seu público. Mas um dia, enquanto anda na rua durante à noite, alguém a insulta, chamando-a de “viado”, e ela sente tudo colapsar, pois, não importa o quanto ela se sinta orgulhosa, a vergonha continua presente, é estrutural. Você consegue entender esses sentimentos ao compreender a sociedade.

Como você foi influenciado por Jean Genet?

De muitas maneiras, sou fascinado por Jean Genet. Diário de um Ladrão é um dos livros mais importantes que já li, um dos que releio frequentemente. De certa forma, estou tentando fazer algo diferente dele, pois ninguém consegue replicar o que ele fez. No entanto, há um senso de beleza em Jean Genet que reside em buscar a beleza em todos os lugares e transformar a literatura em uma ferramenta para enxergar essa beleza e prestar tributo a ela. Quando alguém cospe no narrador de seu livro, Genet diz: “Esse cuspe é como uma flor”. O que tento fazer em meus livros não é exatamente isso, não é transformar o cuspe em flor, nem estetizar a violência, mas retratar todos os seus aspectos, mesmo que sejam insuportáveis.

O que compartilho com Jean Genet é a ideia de que a violência é o ponto de partida de tudo. A violência é o certificado de nascimento de todos nós. Quando somos lançados ao mundo, em uma família que não escolhemos, em um gênero ou sexualidade que não necessariamente escolhemos, em uma época que não escolhemos, o nascimento já é algo violento. Implica um fardo sobre nossos ombros, um universo de coisas com as quais teremos que lidar. Mas há algo mais profundo em Jean Genet, algo também presente na obra de Michel Foucault, a ideia de que todo fato nasce na violência. Quando consideramos o que é necessário para construir a identidade masculina, é uma forma de rejeitar a feminilidade, rejeitar pessoas gays que não são suficientemente masculinas. Quando [Michel] Foucault estuda a história da loucura, ele mostra quão mais aceitável era a loucura na Idade Média, como em O Corcunda de Notre Dame, quando as pessoas celebravam o delírio durante o Carnaval. De repente, após [René] Descartes criar a ideia do cogito, da razão da subjetividade, ele o faz excluindo pessoas com doenças mentais.

Toda construção da realidade, da identidade, da sociedade, é feita à custa da exclusão de algo. O que dizemos quando falamos em França ou Brasil? É a fronteira entre quem está dentro e quem está fora, entre aqueles que têm direitos e aqueles que não têm. Pessoas que podem morrer na fronteira e quem pode entrar. Isso se estende a toda a realidade. Então, ao aprofundarmos na violência, talvez possamos desfazê-la.

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Sua família é também personagem central nas suas obras. Como ela reagiu ao se ver retratada?

Tem sido algo muito complicado. Foi especialmente difícil no início, quando publiquei meu primeiro livro. Minha mãe ficou furiosa comigo, deu algumas entrevistas para televisão e jornal, dizendo que eu estava mentindo e que nada era verdade. Uma vez, dei uma palestra em uma livraria em Paris e ela apareceu, mas eu não a vi na plateia. Falei sobre a minha família por uma hora e, no final, ela se levantou e disse: “Estou aqui”. Eu saí correndo e me escondi no estoque da livraria, mas depois voltei e concordei em conversar com ela. Isso está relacionado com a pergunta que você fez anteriormente, é sobre violência, sobre o fato de as pessoas não perceberem a violência, mesmo quando ela está diante de nossos olhos. Quase toda a população trabalhadora enfrenta a pobreza porque seus ancestrais eram pobres, suas famílias eram pobres. No final, eles veem a miséria como algo normal, como algo que faz parte da vida e precisam lidar.

Quando alguém escreve sobre esse contexto e diz que isso é violência, nem sempre as pessoas se reconhecem. Em outro nível, isso também ocorre com a homofobia. Minha mãe me perguntava porque eu achava que eles eram homofóbicos e eu respondia que durante toda a minha infância ouvia ela e meu pai dizerem coisas homofóbicas, e ela respondia que tudo era apenas piada. Eu dizia que não era engraçado para mim porque eu sentia vergonha, porque meus colegas cuspiam em mim na escola, porque eu não tinha amigos. Eu escondia isso devido à vergonha e a violência que eu sofria. E a vergonha era tanta que, se eu contasse o que estava acontecendo, poderia confirmar a suspeita dela: de que seu filho era gay. As piadas não eram piadas, eram violências, me faziam querer morrer quando eu tinha 7, 8 anos.
E ela não percebia isso como violência. Até mesmo a violência que ela sofria como mulher, com homens como meu pai, ou outros homens que diziam que ela deveria ficar em casa, cozinhar, limpar e ficar calada, que ela não deveria trabalhar ou dirigir porque essas eram coisas reservadas aos homens, ela não via isso como violência. “Seu pai é apenas temperamental”, ela justificava. Ela lidava com essas agressões como coisas individuais, como um homem irritado com outra pessoa. Se minha mãe escrevesse uma autobiografia, ela seria minha inimiga, porque ela não mencionaria a dominação masculina.

Claro, quando escrevemos ou retratamos a violência, as pessoas nem sempre ficam felizes. Isso é algo positivo, afinal, não devemos escrever para agradar os outros, mas sim buscar alguma verdade. – Édouard Louis

 

Você não se sente sobrecarregado por lidar constantemente com a violência em suas obras?

Não, porque eu descrevo a violência como algo coletivo. Assim, sinto-me menos afetado por ela. Entendo que não é um problema comigo, não é uma questão pessoal com meu pai ou minha mãe, mas algo que diz respeito à sociedade. Meu irmão morreu há dois anos, aos 38 anos. Descrevo em vários dos meus livros uma cena em que ele tenta matar meu pai. Ele bebeu a vida inteira, se isolou e teve trabalhos muito difíceis até morrer. Durante toda a sua vida, ele dizia que meus pais não o amavam o suficiente, que sua vida era muito difícil. Ele não teve a chance de ler Pierre Bourdieu ou William Faulkner e entender que essa violência não era algo individual, não era um problema com ele. Talvez isso o libertasse, de alguma forma. Lembro-me quando meu pai me perguntava “Por que você age como um viado?”, eu me sentia muito mal, mas mais tarde, quando li livros de sociologia, literatura, entendi que era algo estrutural. Não tinha a ver apenas comigo.

A segunda parte é que a violência é dialética, então não deveríamos sentir tanto medo de algumas formas de violência, pois é quando isso nos liberta. É por isso que Jean Genet diz que o cuspe é uma flor. Por isso, digo em Mudança: Método que, na minha infância, eu era excluído por ser gay, e não tive outra alternativa senão fugir daquela realidade. Por esse motivo, tive um destino diferente de pessoas como meu irmão.

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Existe essa complexidade: às vezes, deveríamos rir da violência, não apenas chorar sobre ela. Essa pode ser uma forma de vingança.

Você acha que se reconciliou com o seu passado?

Não sei, esse não é o meu objetivo. Não escrevo para lidar com meus assuntos pessoais. Nunca penso no que me faria sentir melhor em relação ao meu passado. Quase o contrário, já que estou desenterrando a violência, descobrindo coisas, mesmo que isso também seja uma maneira de desfazer essa realidade. Ainda assim, meu objetivo é político, não é catártico. Não estou tentando resolver minhas questões.

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(divulgação/reprodução)

O que você espera alcançar com Mudança: Método?

Nos meus outros livros, quase sempre falava da classe operária, da pobreza, mas aqui o tema é diferente: é sobre o que significa escapar da pobreza, de onde você veio, e sobre todas as outras dificuldades que você precisa enfrentar. Queria contar a partir da perspectiva de alguém que escapou e que confronta as outras classes sociais e precisa se adaptar. Quais são as complicações que você encontra nesse trajeto. Acho que é algo que ainda não teve espaço para ser expressado. Essa é uma dor sem lugar.

Além da literatura, o teatro ocupou papel central para ajudá-lo a tomar consciência a respeito das desigualdades e injustiças que você e sua família estavam submetidos. Você pretende retomar essa relação com o teatro?

Trabalhei muito com teatro. Acho que tenho uma dívida com o teatro, pois foi um ponto de partida para que eu pudesse escapar. O livro começa com uma narrativa simples: um garoto gay rejeitado que promete a si que irá fugir. Quando os meninos na escola me chamavam de viado, lembro-me de pensar que um dia eu fugiria, e essa seria a minha vingança. Eu tentei de tudo para fugir. Certo dia, fui a um clube de teatro e, pela primeira vez, me viram e me aplaudiram. Pela primeira vez na minha vida, senti que as pessoas gostavam de mim. Por ser gay, eu sabia o que significava interpretar um personagem, não tinha medo de fazer isso, pois eu o fazia todos os dias, tentando ser mais masculino, fingindo que eu gostava de meninas.

Quando fui a esse clube, senti que representar era fácil de certa maneira. Era um ator desde que tinha dois anos. Porque fiz teatro, fui o primeiro da minha família a frequentar o Ensino Médio. Por causa disso, pude continuar estudando. O teatro foi uma das razões para as mudanças que sucederam.

Acho também que o teatro é mais acessível que a literatura. Você pode fazer teatro sendo da classe trabalhadora, mesmo que não tenha acesso a isso. Mas ler um livro de Toni Morrison ou Marguerite Duras é extremamente difícil. Tenho a impressão de que consigo abordar algumas questões politicamente através do teatro que não fui capaz com a literatura.

Tem uma cantora de rap na França, Diam’s, que cantava sobre não ter uma voz, vir de um lugar qualquer, de não conhecer música, mas ela dizia que sentia dor e tinha coisas a dizer, e que o rap oferecia um lugar em que ele poderia se expressar. Pode a literatura fazer o mesmo? Ou ela está condenada a ser um lugar elitista? Não sei, continuo explorando isso.

Você disse que está trabalhando em outra obra. Pode adiantar alguma coisa?

Sim, é um livro sobre a morte do meu irmão. Um livro sobre homens violentos e homens que sofreram violência, e que tenta entender a cabeça de um monstro. Meu irmão foi um monstro, ele agredia mulheres, ele me agrediu, tentou me matar com um taco de beisebol. Ele era racista, batia no próprio cachorro, era uma pessoa terrível. O livro é sobre tentar entender essa pessoa para entender o mundo.

 

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