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15 falas que marcaram a Flip 2023

Reunimos declarações de escritores, artistas e poetas que levantam importantes questionamentos sobre literatura e democracia na Festa Literária

Por Redação Bravo!
Atualizado em 28 nov 2023, 13h47 - Publicado em 27 nov 2023, 15h32

Armadilhas do capitalismo, encarceramento em massa, bastidores do processo criativo, legado ancestral dos povos originários, racismo estrutural, feminismo decolonial, tempo espiralar e o poder da literatura como arma transformadora foram alguns dos temas que permearam as discussões de autores nesta Flip, que homenageou a escritora Pagu e o artista Augusto de Campos.

Bravo! é parceira de mídia da Festa Literária e publicou a newsletter oficial com um resumo das melhores mesas e rodas de conversa de cada dia. De Caetano Veloso falando sobre a importância do legado de Pagu até Glicéria Tupinambá e Gustavo Caboco falando sobre as lutas dos povos indígenas, elegemos quinze falas que marcaram a edição de 2023 da Flip, seja na programação principal ou na paralela durante a Flip+, do Programa Educativo e da Flipei.

“Sonhava em escrever numa casa limpíssima, com uma orquídea lilás ao lado, com uma taça com água e um silêncio absoluto para eu poder criar. Sentei e esperei por isso, até ver que não ia rolar. Enquanto eu sonhava com esse cenário, consegui colocar o livro no mundo com uma criança pequena, desfraldando, no meio da pandemia, com a máquina de lavar fazendo barulho. Nós esperamos o momento perfeito, mas ele não existe”Alice Miranda 

“Sou uma autora do silêncio e do espaço. Muitas vezes eu abandono a palavra para poder conseguir escrever. Há muitas lacunas, falhas, coisas que eu não alcanço, e eu assumo isso durante meus livros. O Saramago é o oposto, sinto que ele dá conta de tudo”Aline Bei

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“Ando sumido, mas estou aparecido por causa da Pagu. Ela é um caso interessante na cultura brasileira. Apesar da grande quantidade de livros que escreveram sobre ela, acho que até hoje Pagu ainda não foi bem compreendida”Caetano Veloso

“O encarceramento em massa existe porque nossa oralidade não vale tanto quanto a palavra escrita policial”Carla Akotirene

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(Laís Brevilheri/Redação Bravo!)

“Nós, pessoas negras, somos constituídas de forças poderosas, mas não somos conhecidas apenas por essa força. Foi importante para mim, ao escrever ‘No vestígio’, pensar nas formas que a negritude é moldada nos navios negreiros. As pessoas negras são feitas num processo violento de captura, transporte e escravização, mas essas não são as únicas formas pelas quais nos reconhecemos”Christina Sharpe

“A literatura me salvou desde menina. É difícil suportar a pobreza e a vulnerabilidade. A escrita sempre foi a minha válvula de escape. Não sou eu que faço a literatura, é a literatura é que me faz”Conceição Evaristo 

“A democracia é um regime de explosão, de paixões, de projetos, de ideais. É nela que realizamos nossa igualdade e nossa liberdade, mas ela tem falhado em cumprir suas promessas. Precisamos aperfeiçoá-la, pois ela tem sido insuficiente. No caso do Brasil, ela não resolveu a violência policial ou a desigualdade. Se não resolveu esses problemas, a quem, de fato, ela está atendendo?”Conrado Hübner Mendes 

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Fernanda Takai é uma das convidadas do programa educativo da Flip 2023 (Flip 2023/divulgação)

“O exercício da observação do cotidiano com calma e afetividade resulta em textos, músicas e pinturas. É mais fácil nos identificarmos com o ordinário do que com o extraordinário”Fernanda Takai 

“Nosso tempo é coletivo. Se eu fosse entender a filosofia do outro, já estaria internada, teria diagnóstico e estaria tomando diazepam e tudo mais. Como eu sei do meu território, temos uma vivência na qual a gente entende que a floresta fala, que os pássaros falam, e aí a gente entende tudo à nossa volta”Glicéria Tupinambá 

“Há uma diferença cultural grande entre apagamento e esquecimento, porque o apagamento é algo contra o qual lutamos de maneira muito frontal, diariamente, algo sistemático e violento, sobretudo em se tratando do modo como as populações indígenas são invisibilizadas. Penso a arte e a literatura indígena a partir da ideia do esquecimento como algo capaz de criar valor, de dar sentido em lugares como o aqui e o agora”Gustavo Caboco 

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“Por muitos anos nos envergonhamos da história brasileira, e ela ainda nos envergonha, mas a gente consegue tirar dessa vergonha algo ainda mais poderoso, que é se reconhecer nessa história para projetar um presente e um futuro diferentes”Itamar Vieira Junior

“A nossa poética não é linear, ela é espiralar. E é antes, é depois, é agora, tudo ao mesmo tempo. A luta é permanente. Assim como o povo preto não vai voltar para a senzala, a gente não vai voltar para a cozinha. A força do patriarcado é imensa, mas a gente aprendeu de alguma forma a dizer não”Kellen Dias

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(Laís Brevilheri/Redação Bravo!)

“Se a poesia pode algo frente à devastação do mundo, que seja tentar elaborar essa violência e fazer frente a elaLuiza Romão

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“Nenhuma droga é perigosa o suficiente para permitir que a polícia suba o morro e mate uma criança inocente de oito anos, como fizeram com Ágatha Felix”Sidarta Ribeiro 

“O capitalismo nos ensina a ter medo uns dos outros e a ser individualista. Não podemos lutar sem mudar a lógica que governa a sociedade e criar uma concepção diferente do corpo, não como algo biológico, não como algo fragmentado, mas sim como sujeitos de corpos abertos e que se conectam”Silvia Federici 

Esse texto é uma parceria entre a revista Bravo! e Flip

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