Os melhores filmes nacionais de 2023 e onde assistir no streaming
A redação da revista Bravo! elegeu 12 filmes brasileiros que se destacaram neste ano; Confira a seleção completa e vote no seu favorito
2023 foi um ano especial para a cultura no Brasil e, especialmente, para o cinema. Há alguns motivos para isso: a recomposição do Ministério da Cultura e a aprovação de leis importantes para o setor, como a Lei Paulo Gustavo e a Lei Aldir Blanc 2. Mas, acima disso, a vontade incessante dos criadores em produzir obras que dialoguem com o nosso tempo.
Diante de tantas produções, nos colocamos o desafio de listar algumas daquelas que mais se destacaram neste ano de acordo com a redação da Bravo!. Esta é a primeira de uma série de listas especiais de fim de ano preparadas pela nossa reportagem. Confira a lista completa (e alfabética) de melhores filmes nacionais de 2023 e vote no seu preferido na enquete no fim da matéria:
A Batalha da Rua Maria Antônia*
A obra reencena um dos momentos mais emblemáticos da história da ditadura militar brasileira; o confronto entre estudantes da Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Presbiteriana Mackenzie, na Rua Maria Antônia, na região central de São Paulo, em 1968, que resultou na morte do estudante secundarista José Carlos Guimarães. O filme, dirigido por Vera Egito, recebeu o prêmio de Melhor Filme no Festival de Cinema do Rio de Janeiro. O filme ainda não entrou em circuito nacional.
A Cozinha
O filme, dirigido por Johnny Massaro e escrito por Felipe Haiut, foi criado inicialmente para ser um espetáculo teatral. A peça chegou a ser, inclusive, exibida na cozinha do diretor. Na adaptação para as telonas, os artistas retratam um encontro de dois casais. Miguel (Felipe Haiut) é um artista deprimido que tem um relacionamento mal resolvido com Letícia, sua ex. Naquela noite, ele convida um amigo de infância, Rodrigo (Saulo Arcoverde), que chega acompanhado de sua noiva, Carla (Catharina Caiado). Entre muitas bebidas, algumas lembranças dos dois amigos começam a emergir, colocando em xeque a sexualidade dos rapazes. O ator e diretor falou à Bravo! sobre a produção do filme: “Quem olha para um diretor de primeira viagem e confia? Eu só pude fazer o filme por conta das tentativas e também de ter conseguido dirigir três curtas antes. Tenho muita consciência de que só tive essa possibilidade, enquanto o diretor e produtor, porque, felizmente, tenho uma vida financeira saudável como ator, o que me possibilitou investir no filme.”
Disponível no Globoplay.
Black Rio! Black Power!*
Importante documentário dirigido por Emílio Domingos, “Black Rio! Black Power!” volta ao passado para contar como nasceu o movimento Black Rio. Além de destacar a importância da música, principalmente a partir dos bailes de hip hop, no subúrbio do Rio de Janeiro, para o fortalecimento político e identitário da negritude. O filme foi destaque no Festival do Rio e também foi exibido no Festival Nicho Novembro, mas ainda não está disponível nas plataformas de streaming.
Elis & Tom – Só Tinha De Ser Com Você
Por décadas, o diretor Roberto de Oliveira guardou um precioso registro do encontro entre dois dos artistas mais populares do Brasil: Elis Regina e Tom Jobim. Roberto, que era amigo de Tom e empresário de Elis, propôs em 1974 que os dois se encontrassem para gravar juntos. Apesar de muitos embaraços, a reunião finalmente aconteceu e resultou em um dos mais belos discos. No filme, o cineasta resgata os vídeos deste encontro poderoso. Bravo! conversou com o diretor antes do lançamento do documentário. “O filme levou 50 anos para ser feito. Eu sentia que essa história, esse filme, precisava amadurecer para ficar bonito. Eu tinha esse material guardado, e eu sabia que as histórias deles tinham que se completar, assim como a história do disco, para que ela se arredondasse e ficasse boa de ser feita. Foi algo instintivo.”
Disponível para assistir online na Netflix.
Nesse belíssimo documentário ficcional, o cineasta Karim Aïnouz registra sua viagem, em 2019, para a Argélia, país natal de seu pai, Majid Aïnouz. A jornada foi uma maneira de se aproximar da história de sua família paterna, da qual tão pouco sabia. No entanto, todos os relatos e impressões são dirigidos à sua mãe, Iracema, que faleceu em 2015. O cineasta detalhou sobre o processo de criação do filme: “Achava que faria essa viagem com meu pai e que ele me ajudaria a desvendar o país dele, mas não foi isso que aconteceu. Comecei a fazer a viagem sozinho, mas sem ter para quem contar.”
Disponível para assistir online no Globoplay.
Medusa
Em “Medusa”, de gênero horror social, Anita Rocha da Silveira apresenta uma distopia não muito distante da realidade. A ideia do filme nasceu após ler uma notícia de jornal sobre uma garota espancada por colegas de colégio, pois achavam que ela vivia promiscuamente. No longa, uma gangue de garotas evangélicas veste máscaras à noite e sai à caça de outras jovens que elas acreditam levar um estilo de vida pecaminoso. Além da agressão, elas tentam convertê-las para a religião. Não demora, entretanto, para que elas se tornem vítimas do mesmo mal que infligem às outras.
Nosso Sonho
Com a maior bilheteria nacional em 2023, a cinebiografia dirigida por Eduardo Albergaria conta a história dos amigos de longa data Claudinho e Buchecha (interpretados por Lucas Penteado e Juan Paiva), que viriam a se tornar uma das bandas mais populares de funk melody. A obra é narrada do ponto de vista de Buchecha. Disponível para assistir online no Apple TV.
O filme, adaptado do conto “O Adeus do Comandante”, de Milton Hatoum, retrata uma família de três irmãos: Dalberto (Daniel de Oliveira), Armando (Gabriel Leone) e Dalmo (Rômulo Braga). Dalberto, que é comandante de barco, se apaixona e se casa com Anaíra (Sophie Charlotte), que passa a morar com os três rapazes. Durante uma longa viagem pelo Rio Negro, Anaíra se aproxima de Armando. Dirigido por Sérgio Machado, o filme contou ainda com a colaboração de Milton Hatoum na escrita do roteiro.
Disponível para assistir online no Globoplay.
É possível que você tenha lido ou escutado sobre o filme de Carolina Markowicz algumas vezes neste ano. Isso porque a obra circulou por alguns dos mais importantes festivais internacionais – e deu o que falar em muitos – antes de estrear no Brasil no segundo semestre. Na trama, Suellen (Maeve Jinkings) é uma cobradora de pedágio. Ela começa a perceber que seu filho, Tiquinho (Kauan Alvarenga), é gay e, por sugestão de uma colega de trabalho, decide inscrevê-lo num programa de cura gay promovido por um pastor estrangeiro. Para arcar com os custos, ela se envolve em atividades ilegais. Falamos com a diretora durante o lançamento do filme no Festival do Rio. “Pedágio é bem satírico na questão das práticas político-religiosas. O famoso rir para não chorar, as coisas típicas que passamos por aqui que não são fáceis. E algumas vezes são patéticas, então ficamos nesse limiar.”
Em cartaz nos cinemas.
Regra 34
No filme de Júlia Murat, Simone (Sol Miranda) é uma mulher negra que faz vídeos com teor sexual para pagar a faculdade de Direito. Ela é bem-sucedida no projeto de se tornar advogada e, em seguida, passa no concurso para Defensoria Pública e começa a ajudar mulheres vítimas de abuso. Sua história ganha mais uma reviravolta quando ela se envolve com as práticas BDSM. Disponível para assistir online nas plataformas Telecine e Globoplay.
Retratos Fantasmas
Filme de Kleber Mendonça Filho, selecionado para representar o Brasil nos pré-indicados ao Oscar, é um retrato biográfico do diretor recifense. Nele, Kleber resgata imagens de sua infância, no apartamento em que cresceu. E de lá, vai expandindo as memórias pelos cinemas de rua. “É possível montar um álbum de família da cidade, composto de imagens de muitos ângulos diferentes da mesma cidade. Cada foto é de um ano, de uma estética”, contou o diretor em entrevista à Bravo!. Em “Retratos Fantasmas”, ele mostra as transformações pelas quais a cidade passou, acompanhando também as mudanças em sua vida. Disponível para assistir online na Netflix.
Tia Virgínia
O filme de Fabio Meira é uma obra deliciosa que mescla drama e comédia. E tem como grande mérito reunir grandes atrizes, como Vera Holtz, Arlete Salles, e Louise Cardoso, que interpretam irmãs que se reúnem na festa de Natal. O encontro, longe de ser um momento pacífico, é coberto de ressentimentos. A Virgínia (Vera Holtz), a única solteira e sem filhos, coube cuidar dos pais durante a velhice e permanecer na velha casa. Fabio, em entrevista, contou que o filme é inspirado em sua própria família: “Fui conversando com cada uma delas, querendo saber as histórias que eu não conhecia e também a visão delas das coisas. Decidi contar esse filme através da filha solteira, em um dia na véspera de Natal.”
Em cartaz nos cinemas.
* Filmes fora do circuito comercial, mas que merecem destaque
Agora queremos saber: qual é o melhor filme nacional de 2023 na sua opinião? Vote na enquete abaixo e, caso não encontre sua escolha na lista, indique outra produção que merece ser conhecida por todos: